segunda-feira, 30 de maio de 2011

BA-VI DO SÉCULO

BA-VI DO SÉCULO. 

O Campeonato baiano de 79 foi decidido em duas partidas clássicas entre os grandes rivais do estado, Esporte Clube Bahia e Esporte Cube Vitória, onde o “Leão da Barra” tinha vantagem no torneio, mas deixou o título escapar no jogo final, conforme averiguação no relato abaixo do livro “Esporte Clube Bahia: Uma história de lutas e glórias”.

“A decisão do título do Campeonato Baiano de 1979 foi numa sexta-feira à noite, dia 28 de setembro, quando o Bahia conquistou o histórico título de heptacampeão, vencendo o Vitória por 1 x 0. Para falar deste jogo, é necessário recuar doze dias, para 16 de setembro, quando o Vitória conquistou o segundo turno do campeonato e tinha tudo para ficar com o título do último ano da década de 70.

 O campeonato foi disputado em dois turnos. O campeão de cada turno garantia dois pontos e o vice, um. O Vitória foi campeão dos dois turnos e o Bahia vice. Só que o título ficaria com o clube que conquistasse seis pontos nos jogos finais, e aí o Vitória tinha todas as vantagens: jogava por apenas dois empates. A virada do campeão começou quatro dias depois, quando o Bahia venceu o primeiro jogo das finais por 2 x 1, depois de estar perdendo por 1 x 0. Sena abriu o marcador, mas Botelho empatou, ainda no primeiro tempo, e Zé Augusto garantiu o triunfo marcando aos 7 minutos do segundo tempo. Pronto, tinha acabado a vantagem do Vitória.

 Os dois clubes tinham quatro pontos e iam partir para um outro jogo decisvo. Este Ba-Vi disputado no dia 23 de setembro: empate em 0 x 0, com quase 70.000 torcedores na Fonte Nova. Isso forçava a realização de um jogo extra, em 28 de setembro. Seria um jogo histórico: aos 72 anos de idade, 52 dedicados ao futebol, Zezé Moreira escolheu este Ba-Vi para encerrar a carreira de técnico, deixando o Bahia para voltar ao Rio de Janeiro. Tinha até indicado seu sucessor: Armando Renganeschi.
Apesar de todo o desgaste da final, já disputada paralelamente aos jogos do Campeonato Brasileiro, 40.951 torcedores pagaram ingressos na noite daquela sexta-feira. Nem tudo deu certo para o Bahia. No final do primeiro tempo, Romero torceu o joelho e não pôde voltar a campo, entrando Edmílson em seu lugar. Aos 15 minutos do segundo tempo, Perez fez sinal para o banco de reservas: sentira a virilha. Pior ainda: o Vitória jogava bem melhor.
Tudo parecia perdido, quando, aos 24 minutos, o zagueiro Xaxá entrou duro no ponta-esquerda Gílson e o tirou do jogo com grave lesão de joelho. Fito, que já se aquecia para entrar no lugar de Perez, terminou substituindo o ponta-esquerda. Um detalhe: Fito estava há mais de quinze dias afastado, recuperando-se de uma lesão no joelho. O Bahia se mantinha em campo pela garra de seus jogadores, pela mística da camisa. 
O empate de 0 x 0 forçaria uma prorrogação de 30 minutos, que o time de Zezé Moreira não teria condições físicas para suportar. O torcedor permanecia nas arquibancadas da Fonte Nova calado, sofrendo, apenas assistindo do outro lado à festa da torcida do Vitória. Mas o Bahia “nasceu para vencer”, já dizia seu lema, e como um milagre o título histórico de heptacampeão baiano aconteceu.
Aos 24 minutos, Perez, marcando em campo, tocou para Fito, que, da intermediária, deu dois toques na bola e bateu em gol. A torcida não se conteve e carregou nos ombros, no final dos 90 minutos, os verdadeiros heróis de uma partida histórica para o Bahia.”
(Normando, 2000,  p. 76 e 77)

Com jogadores unidos e que evidenciam isto como fator crucial para o heptacampeonato, o Bahia seguiu nas referidas campanhas mantendo a base inicial dos grupos. Atletas que foram destaques como Douglas, Baiaco e Beijoca se tornaram grandes ídolos do Esporte Clube Bahia e até os dias de hoje são referenciados como principais responsáveis pelos triunfos.

Para o jornalista e radialista Jorge San Martin, o maior jogador da década de 70 foi o atacante Douglas, que recebeu o TÍTULO DE SÓCIO EMÉRITO DO ESPORTE CLUBE BAHIA e de ídolo eterno da agremiação.

“O maior jogador que eu vi se chama Douglas. Era um jogador cerebral, de toque refinado, um jogador que fazia diferença. Não era um Messi, nos dias de hoje, mas era um jogador que tinha muita qualidade. Beijoca também foi um grande jogador. Eu acompanhei o Bahia desde a montagem das equipes desta época.” (trecho de entrevista concedida à autora em 05/2011)

Nas duas últimas conquistas da década, o Bahia foi comandado pelo técnico Zezé Moreira, que registrou o seu nome na história do clube ao manter praticamente o mesmo elenco, sendo um dos responsáveis para a conquista do heptcampeonato.

A grande conseqüência da conquista do heptacampeonato em 1979 foi o aumento considerável do número de torcedores, que na última pesquisa constatou a soma de mais de 5 milhões de pessoas, sendo uma legião considerada a maior do estado e uma das maiores do país.

No ano do heptacampeonato o mascote do Bahia foi criado pelo cartunista Ziraldo e o clube passou a ser representado por um homem de aço, o Super-homem, fazendo  uma referência ao personagem das histórias em quadrinhos que na animação era quase imortal.


O Departamento de Marketing e Comunicação da época adotou o símbolo para fazer animação nas preliminares e durante as partidas oficiais do clube em seus domínios. Com a utilização do Super-Homem o Departamento Médico conseguiu reafirmar a dedicação e a paixão dos torcedores tricolores.

Outro fato importante que podemos destacar do ano de 1979 foi a venda do antigo Centro de Treinamento, conhecido como Fazendinha e sediado no bairro do Costa Azul. O novo espaço recebeu o nome de Centro de Treinamento Osório Villas Boas, em homenagem à um dos ex-presidentes, localizado atualmente no bairro de Itinga da cidade de Lauro de Freitas. Este é conhecido carinhosamente como Fazendão.

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