segunda-feira, 30 de maio de 2011

Entrevista com Sapatão, ex-atleta do Esporte Clube Bahia na década de 70

Transcrição da entrevista concedida à autora por Sapatão (Ex-atleta do Esporte Clube Bahia) que participou das campanhas da década de 70.

1.Em que ano do heptacampeonato você vestiu a camisa do Bahia?

“Eu estive vesti a camisa do Bahia em vários anos do heptacampeonato, de 1973 a 1979. E fui muito feliz, podendo contribuir para que o Bahia conquistasse este feito.”

2. Em sua opinião, qual foi o melhor time do hepta?

“O time do Bahia tinha um grande diferencial nesta época, pois além de ser muito bom tecnicamente, os jogadores eram muito unidos e isso sem dúvidas ajudou bastante nas campanhas. Mas para especificar um time, acredito que o de 1976 foi um grupo bem forte e bem determinado.”

 3. O que fazia o Bahia ter um time tão bom e diferenciado?

“ O Bahia de 73 até 79 teve uma coisa que foi muito importante, pois tinham jogadores como Douglas, Fito Picolé que eram jovens e vieram com uma vontade muito grande de vencer. Essa juventude aliada com a experiência dos outros atletas como Beijoca, Baiaco, Roberto Rebouças fazia a diferença para a conquista desses títulos. Então a mentalidade jovem, que chegou cheia de vontade e de garra somada com a experiência consagrou o Bahia nesta década. Além disso, existia uma amizade extra campo entre os jogadores que nas horas principais foram determinantes para o sucesso do grupo.”

4. Um jogo inesquecível.

“Sem dúvidas a final do Campeonato Baiano de 1974, contra o Vitória, onde o Bahia venceu por 2 a 1 com 10 jogadores em campo.”



Entrevista com Ronaldo Passos, ex-goleiro tricolor


Transcrição da entrevista concedida à autora por Ronaldo Passos (Ex-atleta do Esporte Clube) que participou das campanhas da década de 70.
1.                  Em que ano do heptacampeonato você vestiu a camisa do Bahia?
“Eu iniciei minha carreira no time profissional do Bahia em 1975 como terceiro ou segundo goleiro do clube e desde então não sai mais. Neste período do hepta participei de 75 a 79. Eu era muito novo e por isso sempre fiquei na reserva nesta época”

2.                  Em sua opinião, qual foi o melhor time do hepta?
“Pra mim o melhor time foi o de 1978. Porque era um time forte, pois tinham subido alguns atletas da divisão de base como Alberto Leguelé, eu, entre outros, enfim eram jogadores de muita qualidade e conseguimos chegar ao quinto lugar na Série A do Campeonato Brasileiro, quando fomos eliminados em uma partida fatídica contra o Palmeiras”.

3.                  O que fazia o Bahia ter um time tão bom e diferenciado?
O Bahia era uma equipe que sempre teve uma base com Luis Antônio, Baiaco, Beijoca, Fito e essa estrutura praticamente não mudava quando iniciava o ano seguinte. Então, as vezes haviam uns retoques, alguns subiam da base, mas que na verdade só vinha à somar e mesmo com as mudanças de treinadores o grupo mão perdia o foco.”

4.                  Um jogo inesquecível.
“Sem dúvidas foi a final de 1979. O Vitória jogava pelo empate e nós conquistamos o título. Naquela partida eu não fiquei nem no banco de reservas, porque Renato chegou no clube.”
Transcrição da entrevista concedida à autora por Sapatão (Ex-atleta do Esporte Clube Bahia) que participou das campanhas da década de 70.

Entrevista com Beijoca, grande ídolo tricolor


Transcrição da Entrevista concedida por “Beijoca” ( Ex-Atleta do Esporte Clube Bahia) que participou das campanhas da década de 70.

1.Em que ano do heptacampeonato você vestiu a camisa do Bahia?
“Na época do hepta eu estive presente no grupo de 75 até 79. Além do ano de 1970 que também atuei e foi o primeiro título estadual.”

2. Em sua opinião, qual foi o melhor time do hepta?
“Acredito que o o time de 76 tenha sido o melhor, pois além da qualidade do grupo, existia uma união fora de série e foi justamente esta união que sobressaiu em todos os momentos do hepta.

3. O que fazia o Bahia ter um time tão bom e diferenciado?
“Sempre falo que a torcida do Bahia foi quem fez a diferença e impulsionou o time para os títulos. A paixão da torcida tricolor fazia com que o jogador encarnasse essa paixão e então o Bahia era imbatível. Faz pouco tempo que escutei um jogador do clube dizendo que nós que jogamos com amor naquela época, hoje passávamos fome. Talvez ele tenha razão, mas tenho certeza que se eles não tiverem amor, nunca serão reconhecidos como nós somos. Dinheiro não trás felicidade e até hoje somos prestigiados por uma torcida que nos ama. A torcida foi tudo na minha vida, tudo que fiz foi por ela e para ela.”

4. O que é ser Bahia?
“Ser Bahia é ser feliz, é saber amar a torcida tricolor, que muitas vezes passa necessidades em casa para ir assistir o Bahia entrar em campo e jogar futebol. Naquela época eu sabia que tinham torcedores que iam para o estádio me assistir jogar, então não tenho como não reconhecer o poder da torcida. Hoje eu sou Beijoca por causa dela”.
 
4. Um jogo inesquecível.
Na final de 1976, era um Bavi e nós estávamos perdendo pelo placar de 1 a 0 e se o Vitória marcasse um gol, ficaria com o título. Então na prorrogação, numa jogada em que Douglas ajeitou a bola com o peito e passou para mim e arremetei a bola para o gol com a perna esquerda e fomos campeões.

BA-VI DO SÉCULO

BA-VI DO SÉCULO. 

O Campeonato baiano de 79 foi decidido em duas partidas clássicas entre os grandes rivais do estado, Esporte Clube Bahia e Esporte Cube Vitória, onde o “Leão da Barra” tinha vantagem no torneio, mas deixou o título escapar no jogo final, conforme averiguação no relato abaixo do livro “Esporte Clube Bahia: Uma história de lutas e glórias”.

“A decisão do título do Campeonato Baiano de 1979 foi numa sexta-feira à noite, dia 28 de setembro, quando o Bahia conquistou o histórico título de heptacampeão, vencendo o Vitória por 1 x 0. Para falar deste jogo, é necessário recuar doze dias, para 16 de setembro, quando o Vitória conquistou o segundo turno do campeonato e tinha tudo para ficar com o título do último ano da década de 70.

 O campeonato foi disputado em dois turnos. O campeão de cada turno garantia dois pontos e o vice, um. O Vitória foi campeão dos dois turnos e o Bahia vice. Só que o título ficaria com o clube que conquistasse seis pontos nos jogos finais, e aí o Vitória tinha todas as vantagens: jogava por apenas dois empates. A virada do campeão começou quatro dias depois, quando o Bahia venceu o primeiro jogo das finais por 2 x 1, depois de estar perdendo por 1 x 0. Sena abriu o marcador, mas Botelho empatou, ainda no primeiro tempo, e Zé Augusto garantiu o triunfo marcando aos 7 minutos do segundo tempo. Pronto, tinha acabado a vantagem do Vitória.

 Os dois clubes tinham quatro pontos e iam partir para um outro jogo decisvo. Este Ba-Vi disputado no dia 23 de setembro: empate em 0 x 0, com quase 70.000 torcedores na Fonte Nova. Isso forçava a realização de um jogo extra, em 28 de setembro. Seria um jogo histórico: aos 72 anos de idade, 52 dedicados ao futebol, Zezé Moreira escolheu este Ba-Vi para encerrar a carreira de técnico, deixando o Bahia para voltar ao Rio de Janeiro. Tinha até indicado seu sucessor: Armando Renganeschi.
Apesar de todo o desgaste da final, já disputada paralelamente aos jogos do Campeonato Brasileiro, 40.951 torcedores pagaram ingressos na noite daquela sexta-feira. Nem tudo deu certo para o Bahia. No final do primeiro tempo, Romero torceu o joelho e não pôde voltar a campo, entrando Edmílson em seu lugar. Aos 15 minutos do segundo tempo, Perez fez sinal para o banco de reservas: sentira a virilha. Pior ainda: o Vitória jogava bem melhor.
Tudo parecia perdido, quando, aos 24 minutos, o zagueiro Xaxá entrou duro no ponta-esquerda Gílson e o tirou do jogo com grave lesão de joelho. Fito, que já se aquecia para entrar no lugar de Perez, terminou substituindo o ponta-esquerda. Um detalhe: Fito estava há mais de quinze dias afastado, recuperando-se de uma lesão no joelho. O Bahia se mantinha em campo pela garra de seus jogadores, pela mística da camisa. 
O empate de 0 x 0 forçaria uma prorrogação de 30 minutos, que o time de Zezé Moreira não teria condições físicas para suportar. O torcedor permanecia nas arquibancadas da Fonte Nova calado, sofrendo, apenas assistindo do outro lado à festa da torcida do Vitória. Mas o Bahia “nasceu para vencer”, já dizia seu lema, e como um milagre o título histórico de heptacampeão baiano aconteceu.
Aos 24 minutos, Perez, marcando em campo, tocou para Fito, que, da intermediária, deu dois toques na bola e bateu em gol. A torcida não se conteve e carregou nos ombros, no final dos 90 minutos, os verdadeiros heróis de uma partida histórica para o Bahia.”
(Normando, 2000,  p. 76 e 77)

Com jogadores unidos e que evidenciam isto como fator crucial para o heptacampeonato, o Bahia seguiu nas referidas campanhas mantendo a base inicial dos grupos. Atletas que foram destaques como Douglas, Baiaco e Beijoca se tornaram grandes ídolos do Esporte Clube Bahia e até os dias de hoje são referenciados como principais responsáveis pelos triunfos.

Para o jornalista e radialista Jorge San Martin, o maior jogador da década de 70 foi o atacante Douglas, que recebeu o TÍTULO DE SÓCIO EMÉRITO DO ESPORTE CLUBE BAHIA e de ídolo eterno da agremiação.

“O maior jogador que eu vi se chama Douglas. Era um jogador cerebral, de toque refinado, um jogador que fazia diferença. Não era um Messi, nos dias de hoje, mas era um jogador que tinha muita qualidade. Beijoca também foi um grande jogador. Eu acompanhei o Bahia desde a montagem das equipes desta época.” (trecho de entrevista concedida à autora em 05/2011)

Nas duas últimas conquistas da década, o Bahia foi comandado pelo técnico Zezé Moreira, que registrou o seu nome na história do clube ao manter praticamente o mesmo elenco, sendo um dos responsáveis para a conquista do heptcampeonato.

A grande conseqüência da conquista do heptacampeonato em 1979 foi o aumento considerável do número de torcedores, que na última pesquisa constatou a soma de mais de 5 milhões de pessoas, sendo uma legião considerada a maior do estado e uma das maiores do país.

No ano do heptacampeonato o mascote do Bahia foi criado pelo cartunista Ziraldo e o clube passou a ser representado por um homem de aço, o Super-homem, fazendo  uma referência ao personagem das histórias em quadrinhos que na animação era quase imortal.


O Departamento de Marketing e Comunicação da época adotou o símbolo para fazer animação nas preliminares e durante as partidas oficiais do clube em seus domínios. Com a utilização do Super-Homem o Departamento Médico conseguiu reafirmar a dedicação e a paixão dos torcedores tricolores.

Outro fato importante que podemos destacar do ano de 1979 foi a venda do antigo Centro de Treinamento, conhecido como Fazendinha e sediado no bairro do Costa Azul. O novo espaço recebeu o nome de Centro de Treinamento Osório Villas Boas, em homenagem à um dos ex-presidentes, localizado atualmente no bairro de Itinga da cidade de Lauro de Freitas. Este é conhecido carinhosamente como Fazendão.

HEPTACAMPEONATO BAIANO - 1979


Os profissionais da imprensa que atuaram na década de 70 elogiam e fazem referências as principais características que foram determinantes para o feito inédito na Bahia do tricolor baiano.

Iniciando as conquistas em 1973 o “Esquadrão de Aço” conseguiu fazer história no futebol nacional se destacando no cenário esportivo do país. Na campanha que consagrou o Bahia heptacampeão baiano consecutivo, em 29 partidas disputadas, venceu 17 jogos, empatou 18 e perdeu somente 4, marcando 43 gols-pró e sofrendo 17.

Na decisão da competição de 1979 o Bahia enfrentou o seu maior rival do estado, o Esporte Clube Vitória e venceu a partida final por 1 a 0 com gol de Fito, um outro grande nome da agremiação.